Esclerose múltipla: Sintomas, causas e tratamentos
Após a atriz Guta Stresser falar do seu diagnóstico, pauta voltou à tona. Saiba mais sobre como a doença se manifesta.

O assunto acerca da esclerose múltipla voltou à tona nos últimos tempos após a atriz Guta Stresser falar sobre o seu diagnóstico. A artista, de 49 anos, relatou em recente entrevista sobre como recebeu a notícia e como lida com as mudanças causadas pela doença. A EM pode começar silenciosa, com surtos passageiros associados a outros problemas de saúde.
Ao receber o diagnóstico os indivíduos começam a associar episódios considerados como corriqueiros, como sinais da EM. Os sintomas mais comuns são a perda de força em algum dos membros, problemas de memória e dores no corpo.
No Brasil, estima-se que exista cerca de 40 mil casos e muitas pessoas costumam associar a enfermidade à pessoa “esclerosada” e, geralmente, a idosos. Mas ela costuma atingir mais jovens de 20 a 40 anos, predominando entre as mulheres, sendo sua causa ainda desconhecida.
O tratamento para a patologia engloba fisioterapia, medicamentos e algumas recomendações como alimentação saudável e exercícios físicos. A investigação deve começar com uma ressonância magnética e exames de sangue para excluir outras patologias.
O que é esclerose múltipla?
Considerada como autoimune, como artrite reumatoide e lúpus, a esclerose múltipla afeta o sistema nervoso central (SNC) e medula. As células imunológicas passam a agredir o sistema de defesa do organismo, causando o mau funcionamento do sistema imunológico e consequente inflamação na Bainha de Mielina, que é uma capa de gordura que envolve os neurônios. Com essa inflamação, o processo de enviar informações e estímulos do cérebro ao resto do corpo passa a ser mais lento ou mesmo não ocorrer.
Atualmente, há cerca de 2,8 milhões de pessoas com EM no mundo, segundo o Atlas 2020 da Federação Internacional de Esclerose Múltipla (MSIF). Desse número, 69% são mulheres e apenas 31% são homens. Além disso, afeta também crianças, estimando que exista em média 30 mil no mundo.
Ainda segundo o estudo, 85% das pessoas são diagnosticadas com a EM recorrente-remitente, na qual os sintomas vêm e desaparecem com certa frequência. Já 12% fazem parte da progressiva, em que vai se desenvolvendo com o tempo, sem ter como freá-la.
O que causa?
Ainda não se sabe a causa exata, porém muitos pesquisadores associam a fatores como tabagismo e obesidade. Segundo o Atlas, foi observado uma prevalência em relação à latitude; em países com menor latitude, próximos à Linha do Equador, há menos riscos de desenvolver a EM, já nas altas, países mais perto dos Polos Norte e Sul, tem um aumento de casos. Isso se explica pela baixa exposição ao sol e consequente níveis baixos de vitamina D.
Além disso, a predisposição genética é um dos fatores em pesquisa, ou seja, filhos podem “herdar” de seus pais. Muitos apresentam sinais desde jovem e ignoram por ocorrerem na fase inicial conhecida como remitente-recorrente, caracterizada com sintomas que vêm e vão.
Sintomas da esclerose múltipla
Cada pessoa desenvolve EM de uma forma, por isso os sintomas podem diferir para cada uma, bem como a intensidade. Os chamados surtos duram 24 horas no mínimo e têm intervalos de 30 dias entre um e outro, em caso de apresentar alguma manifestação antes desse período são considerados da mesma crise. Eles são imprevisíveis, podendo apresentar mais de um traço, tendo a recuperação de forma total ou parcial.
Confira os principais:
Sensitivas
As “sensitivas” incluem a parestesia, sendo a dormência ou formigamentos em partes do corpo. A nevralgia do trigêmeo, caracterizada pela dor ou queimação nas faces do rosto.
Visuais
Os sintomas visuais, como o nome já diz, ataca os olhos, muitas vezes em formatos de surtos, que aparecem e desaparecem depois de um tempo. A neurite óptica é a visão borrada, mancha escura no centro da visão de um dos olhos, turva ou perda visual e a diplopia, a visão dupla.
Motoras
Como já citado anteriormente, a perda de força muscular em algum membro, podendo ser nas pernas, braços ou mãos, que se transforma em uma dificuldade de mobilidade, às vezes precisando de auxílio de bengalas. Além disso, os espasmos e a rigidez muscular também são presentes, de forma irregular.
Ataxia
A perda de coordenação motora, com dificuldades para andar, em conjunto com tonturas ou desequilíbrios que podem ser facilmente confundidos com outras patologias.
Esfincterianas
Os esfíncteres estão localizados nas aberturas de cavidades; com o descontrole, a pessoa com esclerose passa a enfrentar dificuldades no controle e retenção da urina e intestino.
Cognitivas
Outra característica presente em muitas pessoas com EM são os problemas de memória, de atenção e uma absorção mais lenta das informações recebidas. A atriz Guta Stresser cita esse problema como um impedimento para exercer seu trabalho e, que ao receber o diagnóstico ela acreditou que não poderia mais atuar.
Mentais
Como envolve o Sistema Nervoso Central, as alterações de humor, como depressão e ansiedade podem ser recorrentes. É preciso sempre estar atento às mudanças do nosso corpo e às pessoas próximas que podem apresentar mudanças no comportamento.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico pode ser difícil, podendo ser confundido com outras enfermidades. É preciso que um médico solicite exames de sangue e imagem, como a ressonância magnética de crânio e coluna.
A ressonância magnética é feita em uma máquina, onde são retiradas imagens dos órgãos internos através de um campo magnético. É criada uma agitação das moléculas do corpo, captada pelo aparelho e transferidas para o computador. A ressonância magnética é o principal exame para o diagnóstico das doenças desmielinizantes do sistema nervoso central. Para caracterizar EM é preciso ter pelo menos duas lesões do SNC.
Além disso, o exame de líquor – LCR (líquido cefalorraquidiano) pode ser solicitado. Esse exame é realizado, geralmente, na coluna, com anestésico local, onde é retirado o fluido corporal transparente para análise.
Tratamento para esclerose múltipla
A EM não tem cura, os tratamentos servem para dar mais qualidade de vida ao paciente e frear o avanço da doença. As recomendações incluem medicamentos, fisioterapia, exercícios físicos e boa alimentação, essenciais para continuar a exercer as atividades cotidianas. Saiba abaixo mais sobre alguns deles:
Fisioterapia
Com a perda de mobilidade apresentada, a fisioterapia ajuda no fortalecimento dos músculos dos pacientes, melhora o equilíbrio e diminui as limitações adquiridas. Além disso, ajuda em outros sinais como a depressão e ansiedade, que acometem muitas pessoas ao longo da jornada.
A terapia auxilia na redução das dores físicas e mobilidade diária dos pacientes, ela atua nos músculos que ainda estão preservados, fortalecendo-os.
Boa alimentação
Uma boa alimentação é uma condição para as pessoas com EM, algumas dicas de saúde são importantes, como alimentos anti-inflamatórios precisam estar presente na dieta, por exemplo a cúrcuma, brócolis e repolho. Assim como é preciso retirar outros que provocam esse efeito como o açúcar refinado, sendo um alimento que causa inflamação.
Priorize alimentos naturais e evite os industrializados que podem aumentar os processos inflamatórios da patologia. Consuma alimentos com gorduras insaturadas como as oleaginosas, por exemplo, amêndoa, castanhas, linhaça e azeite extravirgem.
Alimentos de folhas verde escuras como espinafre e couve ajudam na produção de magnésio que auxilia no relaxamento dos músculos, importante para os pacientes.
A vitamina D ainda está em estado experimental para a doença. Ela pode ser adquirida de forma natural como em alimentos e se expondo ao sol, mas tem a suplementação que tem mostrado alguns resultados na proteção do organismo, ao regular a produção de mielina pelos oligodendrócitos. Apesar dos bons resultados, é preciso realizar o tratamento com cautela, já que o organismo pode absorver uma taxa alta de cálcio, fazendo com que os rins parem de funcionar.
Exercícios Físicos
Os exercícios físicos têm apresentado bons resultados no controle da doença, bem como ajuda o bem-estar do corpo e da mente. Treinamento de força como agachamentos são importantes para o fortalecimento e melhora da mobilidade, a hidroginástica é uma boa opção para o coração, também trabalhando a mobilidade e força.
Caminhadas e corridas também ajudam na força do corpo, e auxiliando a prevenir a depressão e outros transtornos causados pela patologia. Na esclerose múltipla é preciso cuidar da mente e do corpo em simultâneo e a prática de atividades físicas pode proporcionar isso.
Remédio para esclerose múltipla
Existe no Brasil cerca de dez medicamentos disponíveis para o tratamento, visando abreviar a fase aguda e tentar aumentar o intervalo entre um surto e outro. Muitos deles estão disponíveis gratuitamente no Sistema Único de Saúde – SUS.
Pulsoterapia para esclerose múltipla
A pulsoterapia é indicada para controle, administrando altas doses de um medicamento na veia em curto espaço de tempo, nesse caso sendo utilizado o corticoide metilprednisolona.
A dosagem depende de cada paciente, mas é geralmente recomendado um grama do remédio por três a cinco dias. O fármaco pode reduzir os níveis de potássio no sangue, por isso é importante consumir alimentos que o reponham no organismo, bem como reduzir os alimentos com açúcar, pois o medicamento aumenta os níveis da glicose no sangue.
Antes de iniciar o tratamento é preciso realizar exames para descartar infecções, principalmente urinária. Durante o procedimento é preciso usar um medicamento para evitar a gastrite ou úlcera, pois o uso de corticoide pode causar inflamações estomacais.
Fingolimode o fumarato de dimetila
Este medicamento é da linha de imunomoduladores / imunossupressores, indicados para início do tratamento e administrado por via oral.
Alentuzumabe
Ainda na linha dos imunossupressores, o Alentuzumabe, bem como os ocrelizumabe e caldribina, são fármacos mais fortes, mesmo assim, podem parar de surtir efeito, sendo necessário realizar a troca em cerca de 12 meses de uso.
Modificadoras da doença
O médico responsável por acompanhar o paciente irá analisar cada caso, é possível que ele indique o tratamento com as drogas modificadoras da doença. Esses fármacos podem retardar o avanço da enfermidade, prevenindo os surtos.
Dia mundial da esclerose múltipla
O tema da campanha até 2023 é “Conexões”, visando desenvolver conexões à comunidade, consigo e com cuidados que promovam melhor qualidade de vida. A orientação é “Eu conecto-me, nós conectamos”.
A campanha visa estimular as pessoas com EM a interações sociais, visto que muitas se sentem sozinhas e isoladas socialmente devido aos problemas adquiridos. Além disso, visa conscientizar e educar as pessoas acerca do que é a esclerose múltipla, como identificar sintomas e buscar tratamento.
CID da esclerose múltipla
A CID-10 padroniza e cataloga patologias e problemas relacionados à saúde, tendo sua referência a Nomenclatura Internacional de Doenças, estabelecida pela Organização Mundial de Saúde. Essa comunicação foi disseminada em todo o território nacional pelo Governo Brasileiro, podendo ter registros em todos os sistemas do país.
Para a esclerose múltipla, o CID-10 é o G35, sendo a partir do G00 até o G99 caracterizado pelas doenças do sistema nervoso.
Tatiane Pina
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